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domingo, 19 de junho de 2011

Contra o Tempo (Source Code, EUA, 2011, 84 min.)

Se você é o tipo de pessoa que lê resenhas apenas para saber se vale a pena ver o filme, eu já entrego agora: Contra o Tempo é sensacional, é um dos melhores filmes de todos os tempos a usar o artifício de viagem no tempo e é eletrizante, 84 minutos precisos, enxutos, sem uma gordura; uma pancada certeira desferida pelo diretor Duncan Jones (filho de David Bowie que estreou na direção de longas em 2009 com a ótima ficção Lunar) e seus colaboradores, notadamente o roteirista Ben Ripley, que escreveu um roteiro praticamente perfeito sobre possibilidades perdidas, terrorismo, amor e aceitação, tudo isso numa embalagem de filme-pipoca para ser visto num cinema lotado, naquelas míticas matinês de sábado à tarde.

O argumento é relativamente simples: um soldado do exército americano, Colter Stevens, subitamente acorda no corpo de um desconhecido dentro de um trem rumo ao centro de Chicago. Sem revelar o grande barato do filme, esse homem faz parte de uma missão que tem como objetivo descobrir o culpado por um grande atentado terrorista que JÁ ACONTECEU, e isso é o estopim do projeto Código-Fonte, que permite uma pessoa viajar no tempo e ,dentro do corpo de outra pessoa que de fato estava no momento do incidente, possa viver apenas oito minutos através dos olhos desse desconhecido.

 E essa premissa é apenas o ponto de partida de um filme que 'empresta' idéias de centenas de outros exemplares do gênero, mas com um frescor que eu não via desde A Origem (Inception), a grande obra de Christopher Nolan que também divagava, de maneira originalíssima, sobre o mundo das possibilidades, das realidades alternativas. Em Contra o Tempo também há a preocupação de estabelecer um protagonista ciente das regras da ação, mas ainda assim capaz de possuir uma qualidade genuinamente humana, alguém com preocupações com as quais possamos nos identificar. Isso faz do herói alguém com uma cumplicidade muito maior com a platéia do que os superheróis tão distantes de nossa realidade que pululam por aí.

 Jake Gyllenhaal está em grande forma como Colter Stevens, expressando corretamente os sentimentos de um homem atordoado por não sabe o que está acontecendo ao mesmo tempo em que vai se tornando ciente de seu destino. Michelle Monaghan, linda e boa atriz, faz a mulher que se encontra no trem rumo ao desastre e estabelece um vínculo emocional com Colter Stevens que é o coração do filme. Vera Farmiga e Jeffrey Wright, ambos ótimos, completam o elenco como membros do projeto Código-Fonte que gradualmente vão liberando informações cruciais ao nosso herói, e consequentemente, nós, espectadores.

 O diretor Duncan Jones surpreende dirigindo o filme de forma limpa, sem maneirismos e sempre com um senso de ritmo essencial para a compreensão da obra. Lembrando um pouco a crueza de Paul Verhoeven em Robocop e Jan DeBont em Velocidade Máxima, Jones faz de Contra o Tempo um thriller sci-fi moderno, que durante sua projeção vai intensificando seu lado emocional e deixando de lado o velho clichê da bomba que precisa ser desarmada. Afinal, Colter Stevens tem um problema muito maior para resolver: descobrir quem ele é e onde ele está. Material de classe levado com competência por realizadores que entenderam que o bom cinema de ação não reside na proporção explosões-por-minuto, mas sim em um conceito sólido e um roteiro que nos faça ficar pensando dias depois de ver o filme. Nolan fez isso em Inception e Duncan Jones fez agora em Contra o Tempo, uma fita imperdível.

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