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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (EUA, 2011, 127 min.)





     Segundo Aristóteles, catarse seria a 'purificação' experimentada pelos espectadores, durante e após uma representação dramática. Também pode ser definida como uma sala iMAX lotada numa noite de terça feira desabando em risadas e aplausos para a ressureição artística e comercial de Tom Cruise que é 'Missão: Impossível - Protocolo Fantasma', dirigido por Brad Bird, egresso da animação que conduziu os soberbos 'Ratatouille', 'Os Incríveis' e 'O Gigante de Ferro'. Vale aqui uma analogia com o futebol: se você é torcedor de verdade, apaixonado por um time, sabe que ver um jogo ao vivo no estádio é a verdadeira celebração do esporte, a celebração coletiva que leva a catarse. Da mesma forma, muito se fala hoje em dia sobre 'baixar' filmes ou mesmo esperar o lançamento em dvd ou blu-ray. Mas meus amigos, um filme desse quilate serve para separar os meninos dos homens: deve ser visto sim em iMAX ou com a melhor qualidade de som e imagem possíveis, para aí sim se desfrutar por completo da experiência do cinema de ação popular de verdade, que pretende divertir com qualidade sem maiores pretensões.

     E olha que descontadas raríssimas excessões, pensei que Hollywood já havia esquecido como fazer esse tipo de filme. O próprio Cruise andava numa maré desfavorável desde o fracasso de Operação Valkíria e o desastroso Knight and Day no ano passado. É até curioso notar que o terceiro Missão Impossível de 2006, conduzido pelo criador de Lost, J.J.Abrams, apesar de ótimo filme não alcançou o resultado esperado comercialmente, o que deixou a realização deste quarto episódio sob auspícios temerosos dos fãs da franquia...com Cruise em baixa, um realizador vindouro da animação, e rumores (infundados, agora posso garantir) da substituição de Cruise por Jeremy Renner (aqui como um analista de passado obscuro que entra para a equipe de Ethan Hunt), nem o mais otimista poderia prever a perfeição que é esse filme.


   Para início de conversa, os roteiristas Josh Applebaum e Andre Nemec entenderam à perfeição a essência do que é Missão:Impossível: um time de experts em diferentes áreas de espionagem que ora precisam seguir à risca um plano combinado previamente, ora devem improvisar sobre eventuais falhas em campo para cumprir a missão. É espionagem, mas é também diversão escapista, com 'gadgets' espetaculares e cenas de ação e suspense que devem fazer o espectador ficar na beira da poltrona, mesmo abraçando a inverossímelhança total...afinal, com o perdão do trocadilho, é o 'Impossível' que fazia da série e fez dos filmes algo divertido e digno de nota dentro do gênero ação. Ethan Hunt (Cruise) continua o líder da equipe, mas desta vez o grande barato é que TODOS os membros da IMF que vemos na tela ( o analista Jeremy Renner, a agente de campo interpretada pela belíssima Paula Patton de 'Deja-Vu' e o alívio cômico espetacular que é o comediante britânico Simon Pegg) são essenciais para a resolução da trama...é uma sacada muito inteligente que ao mesmo tempo em que faz Cruise suar a camisa para conquistar o público dividindo a tela com outros atores, faz com que esse seja o filme mais fiel ao conceito da série de TV de toda a franquia.

         As cenas de ação são conduzidas por Bird  e o diretor de segunda unidade Dan Bradley com maestria, e elas realmente impressionam no iMAX. A sequência em que Cruise, sem dublê, fica pendurado no alto do prédio mais alto do mundo, o  Burj Khalifa, vale o ingresso e causa vertigem, devido ao nível de detalhamento que se vê na tela. É uma sequência histórica, que junto à perseguição no meio da tempestade de areia e outras grandes cenas do filme, entram direto para o rol das melhores cenas de ação da década.
Nem vale a pena revelar muito mais sobre o que acontece no filme sob pena de revelar ótimas reviravoltas que são a cereja no topo da diversão. A trama envolve um terrorista russo (Michael Nyqvist, da versão sueca de 'Os Homens que não Amavam as Mulheres') que tenta disparar ogivas nucleares e começar a Terceira Grande Guerra. É um argumento batido, mas que nas mãos dessa equipe mais que competente se transforma num épico de ação que lembra os dias de 'True Lies', 'Duro de Matar', 'Máquina Mortífera', e a própria qualidade dos episódios anteriores de 'Missão: Impossível'.

 A verdade é que depois de várias temporadas dominadas por vampiros duvidosos, robôs alucinados e super-heróis de todos os tipos, já estava mais do que na hora de uma bem-vinda visita de Cruise/Ethan Hunt, provando quem ainda é o dono da bola. E revitalizando uma franquia que começou lá em 96, e parece não dar sinais de desgaste, porque o conceito ainda é muito empolgante.

   Que o diga a platéia de fanáticos que lotou o Bourbon iMAX nessa noite de terça feira. Todos riram nas partes certas, se emocionaram com as reviravoltas e não desgrudaram os olhos da tela por um instante sequer. Se Bird, Cruise e cia. quiserem lançar um desses a cada Natal, do lado de cá, a gente vai até começar a acreditar em Papai Noel...o presente de 2011, ao menos, já está garantido.

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