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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Roubo nas Alturas (Tower Heist, EUA, 2011, 99 min.)

   ...e eis que quando ninguém esperava mais nada de Brett Ratner, desacreditado por sua direção fanfarrona e desleixada em fitas como X-Men 3 e Ladrão de Diamantes, e ainda enroladíssimo nos EUA por ter dado detalhes de sua vida sexual num programa de rádio e demitido da direção do próximo Oscar, o homem vem e entrega essa que é, inegavelmente, sua fita mais divertida desde o primeiro A Hora do Rush: Roubo nas Alturas (Tower Heist). Um filme derivativo sim, mas com um senso de humor acertado e um roteiro (de Ted Griffin e Jeff Nathanson que fez o Terminal e Prenda-me se Puder, ambos de Spielberg), veja só, até esperto demais para a média Ratner de qualidade. Isso quer dizer que é um bom filme? Longe disso. Mas eu vou arder no inferno se não admitir que dei boas risadas ao longo da projeção e até me surpreendi com uma ou outra reviravolta estapafúrdia, mas muito divertida do roteiro.

      Conta a história de Josh Kovacs (Ben Stiller, o de sempre), gerente de uma Torre luxuosa que funciona como hotel e flat de luxo para milionários do mundo todo situada em Nova York. O dono do edifício é o magnata Arthur Shaw (vivido com gosto pelo veterano Alan Alda), que logo não demora a ser preso, acusado de sonegação de impostos e desvio de dinheiro, o que resulta na suspensão das aposentadorias e pagamentos de todos os funcionários do edifício. Kovacs (Stiller), responsável por dezenas de subordinados, se vê numa missão de responsabilidade para com os companheiros, e ajudado por um time de outsiders do sonho americano, parte para um roubo mirabolante de uma fortuna que acredita estar num cofre na cobertura onde vivia o agora encarcerado ex-patrão.

     E é aí que entra Eddie Murphy, meus caros. Após uma sequência desastrosa de filmes-família que não deram em nada, Murphy se aliou a Ratner desde o início do projeto e criou o personagem Slide, um ladrão de rua pé-de-chinelo que ajuda Stiller e seus asseclas a executarem o plano. Murphy está em seu melhor momento desde 'Os Picaretas',  e é um alívio vê-lo desferindo, nem que seja em doses homeopáticas, um pouco do seu humor de rua verborrágico que tanto fez sua fama nos anos 80. Sua química com Stiller funciona, e suas cenas ensinando o grupo de ladrões amadores a como se tornar um ladrão melhor são hilárias, o grande achado do filme.

    O desenrolar do assalto pode até ser batido, mas duas coisas tiram Roubo nas Alturas da vala comum dos filmes made-for-tv que pululam por aí: a esperteza dos escritores em sugerir uma trama atrelada aos acontecimentos atuais no mercado financeiro dos EUA, acertando o timing em tempos de milionários corruptos e 'occupy Wall Street'; e a escolha acertadíssima do elenco de coadjuvantes, passando por Michael Peña, Gabourey Sidibe (a protagonista de Preciosa em 2010), Casey Affleck, Judd Hirsch, Téa Leoni e o eterno 'Ferris Bueller' Matthew Broderick, aqui hilário na pele de Fitzhugh, um desastrado analista financeiro que perde tudo na crise de Wall Street e decide se juntar ao grupo de ladrões. Espere ainda um certo carro vermelho, e a óbvia piscada de olho para o clássico Curtindo a Vida Adoidado.

     E isso é Roubo nas Alturas: um filme despretensioso que aqui e ali alcança picos de empolgação graças ao roteiro acima da média e um bom elenco que valorizou o material. Não é bem-acabado ou genial, não mudará sua vida, mas tira você da rotina por um par de horas e diverte despretensiosamente. É uma fita simpática que merece ser vista. Afinal, em se tratando de um aluno nota C ou D como Ratner, um B- é mais do que bem-vindo...

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