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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jack Reacher: O Último Tiro (Jack Reacher, Dir. Christopher McQuarrie, EUA, 2012, 130 min.)

   Demorou, mas Tom Cruise tropeçou: esse Jack Reacher é uma fita policial de investigação genérica, quase um enlatado, um episódio piloto de uma série de tv ruim dos anos 80. Fazia muito tempo que eu não via tanta gente boa envolvida num negócio tão insosso.
 
  Quem é esse 'Jack Reacher'? Bom, o personagem é um monte de clichês tão grande que fica difícil saber se a intenção do seu criador, o escritor americano Lee Child, era ser cínico e fazer referências a outros milhares de detetives particulares desajustados da literatura e cinema. Ou levou tudo a sério e saiu com um tipo que é sisudo, sem humor, sem história, e que francamente na pele de Tom Cruise, ficou involuntariamente engraçado. Mas fazer o quê, os  bestsellers americanos de hoje e ontem para uma parcela do público não precisam ser originais ou ao menos esforçados, quiçá imaginativos.

 Esse tal Reacher é convocado por um atirador suspeito de matar cinco vítimas para destrinchar uma investigação com ramificações que francamente, são muito entediantes. Nada tem um pingo de invenção, é tudo duro, sem alma, sem vida.

 Christopher McQuarrie é o escritor vencedor do Oscar por roteiro original de Os Suspeitos, pequena gema dirigida por Bryan Singer em 95. Daí em diante, perdeu o pé e só demonstrou vitalidade no neo-western subestimado The Way Of The Gun que escreveu e dirigiu em 2000. Depois sumiu de novo, fez uma polida de roteiro aqui e ali (O primeiro X-Men, Operação Valkíria) e retorna com a esperada displicência de quem não senta na cadeira de diretor há mais de dez anos. McQuarrie é um diretor de ação ruim. Tenta emular o estilo setentista de Don Siegel em Dirty Harry mas acaba mesmo é com cara de Joel Schumacher adaptando John Grisham. A direção de atores é fraca, e deixa tudo com uma impressão de teatrinho de marionetes que acaba nivelando as interpretações de atores tão díspares quanto o mediano Cruise e o excelente Richard Jenkins. Pasmem, o lendário diretor alemão Werner Herzog aparece em três cenas como o vilão, claramente topando essa barca para financiar seus ousados e geniais documentários.

Para afficionados, ainda vale citar uma perseguição de carros bem dirigida, provavelmente por diretor de segunda unidade. Ameaça tirar o filme do traço, mas em vão.

E para Cruise, que bancou e é estrela dessa empreitada mal-sucedida, o que fica é uma perda de tempo. Um cara que já trabalhou com Scorsese, PT Anderson, Brad Bird, JJ Abrams, John Woo, e mais uma lista de colaboradores talentosos não merecia essa bomba. Mas não tem problema. Esse 'Jack Reacher' é daqueles filmes que logo no final a gente já esquece o começo. Não mancha o currículo de ninguém e entra para a história como mais uma fita genérica. Até aí tudo bem, se fosse o Eric Roberts ou o Tom Selleck. Mas até tu, Tom Cruise? Boa sorte na próxima.  
   

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