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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Cloverfield (Cloverfield, EUA, 2008, 83 min.)

  Cloverfield é um 'filme de monstro'. É o meu filme de monstro favorito, na verdade. É a história de um cara que cruza Nova York em meio a destruição causada por um monstro 'apenas' para salvar a mulher que ele ama. E essa história funciona muitíssimo bem, talvez pelo diretor Matt Reeves (que fez agora em 2010 o excepcional remake do filme sueco Deixa Ela Entrar) demonstrar mais interesse pelo que acontece fora do raio de destruição da criatura do que pela demolição em si. Em uma mudança de enfoque sensacional, em Cloverfield não é dada a chance de acompanhar a ação com distanciamento; nós entramos no meio da desgraça, correndo junto com os personagens, desolados e boquiabertos com as poucas informações que aos poucos vão sendo reveladas. A sacada de mestre do filme é situá-lo no mundo real, no nosso mundo. Um mundo, até hoje pelo menos, livre de ameaças como monstros radioativos. O olhar dos personagens ante a criatura é um misto de descrença e pavor total, já que conseguimos compreender atos brutais como atentados terroristas, mas um monstro? Um Godzilla em plena Avenida Paulista? Pensa.

 Os vinte minutos iniciais apresentam o relacionamento dos personagens que será essencial para a compreensão do que virá depois. Rob Hawkins é um executivo que recebe uma oferta de emprego no Japão, e está dando uma festa de despedida, organizada pelo irmão Jason e a namorada Lilly. Quem está documentando a festa em vídeo, de maneira torta, é seu amigo Hud. Por diálogos curtos e situações muito bem arranjadas, sabemos que Rob passou uma noite com a antiga paixão Beth McIntyre, mas agora não estão mais juntos. Beth vai à festa acompanhada de um novo namorado, o que desperta a ira de Rob. Ela deixa a festa em meio a um desentendimento com ele. O monstro ataca a cidade. E todo esse povo tenta sobreviver em meio às cenas de destruição mais criativas do cinema popular nos últimos anos.

  No fundo, é um delírio nerd, com eflúvios de  A Bruxa de Blair e claro, Godzilla, mas com um romance genuíno que confere um senso de verdade à empreitada, por mais absurdo que pareça. Quando Rob convence os amigos a cruzar a cidade mergulhada no caos para encontrar a velha paixão nos escombros de um edifício em ruínas, estranhamente faz sentido. É o fim do mundo da geração YouTube, ou melhor, é a  morte heróica sonhada por um nerd, eu incluso: morrer ao lado da mulher amada, com a cidade sendo atacada por um monstro radioativo. Quer morte mais pop que essa?

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