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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Manhattan (Manhattan, EUA, 1979, 96 min.)

  O coração de Woody Allen vai estar sempre dividido, e para o bem do cinema, é bom que seja assim. Ele ama de duas a três mulheres ao mesmo tempo, sendo que cada uma corresponde à um tipo diferente de ansiedade ou expectativa do autor. Ele ama a cidade. É um bicho definitivamente urbano, com os dois pés fincados no coração da metrópole. É também um intelectual aplicado, mas que, como disse o imortal Groucho Marx, nunca vai fazer parte de um clube que o aceite como sócio. É chover no molhado dizer isso, mas Woody Allen é mesmo o último, o único de sua espécie.

  Assistindo esse monumental Manhattan, filme de 79 que pode ser a síntese do que o raciocínio 'Alleniano', concluí que o homem não é tão racional como muitos puristas tentam pintar e também não é tão intelectualizado a ponto de negar o romantismo, a emoção. Aqui ele faz um roteirista de tv, um comediante nova-iorquino judeu, procurando a paixão que foi embora em uma namorada quase trinta anos mais nova. O olhar de Allen para a moça reflete ternura ao não revelar para ela a crueza da vida amorosa que virá. E ao mesmo tempo é agente dessa mesma crueldade ao tentar dispensá-la impunemente apenas para poder cair nos braços da ex-amante do melhor amigo. Essa ciranda amorosa é retratada com um olhar aparentemente cínico por Allen, mas basta olhar com mais atenção para perceber a declaração de amor à cidade, às mulheres, à humanidade que é esse filme. Amargo, mas ainda assim esperançoso. O último dos honestos.

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