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sábado, 30 de julho de 2011

Capitão América - O Primeiro Vingador (Captain America - The First Avenger, EUA, 2011, 115 min.)

  Acabo de assistir Capitão América - O Primeiro Vingador. E sim, meus amigos, é com prazer e alívio que posso dizer: é um ótimo filme, digno de figurar ao lado dos grandes filmes Marvel, e porque não dizer, uma das mais inspiradas adaptações de super-herói dos últimos anos.

  A lista de proverbiais erros que poderiam ter sido cometidos era grande. A começar pela polêmica escolha do protagonista Chris Evans. Conhecido por suas palhaçadas como o Tocha Humana nos dois filmes do Quarteto Fantástico e nada mais, sua escalação trouxe o mais puro e simples medo aos fãs do personagem. Felizmente, com menos de quinze minutos em cena, dá para dizer que Evans nasceu para esse papel. Assim como Robert Downey Jr. é Tony Stark, Chris Evans incorporou o ar altruísta e extremamente sério do Capitão e o resultado é o passaporte do ator para o primeiro escalão de Hollywood, uma atuação tão honesta (e sem tiques cômicos, por favor) que demonstra a versatilidade e tenacidade do ator, contra todas as expectativas, em fazer funcionar um personagem que, se abordado de maneira errada, poderia ter resultado em desastre certo. Evans ainda é auxiliado por um elenco de primeira linha, em caracterizações inspiradas: Tommy Lee Jones, Stanley Tucci, Hayley Atwell, Toby Jones e Hugo Weaving, acrescentando mais um vilão memorável à sua já extensa galeria: O Caveira Vermelha.

  Outro acerto dos produtores: a escalação do diretor Joe Johnston, artesão tarimbado que trouxe uma visão cinematográfica, não apenas de fanboy, muitíssimo bem-vinda ao projeto. Johnston é profissional e sabe do senso de aventura que esse tipo de filme precisa ter. Seus filmes, desde Rocketeer, passando pelo terceiro Jurassic Park, e chegando ao recente O Lobisomem, se muitas vezes resultam irregulares, são carregados desse fator 'matinê de sábado à tarde' que um blockbuster possui. Aqui ele entrega seu melhor filme, e sem se preocupar em dirigir apenas uma adaptação de HQ, ele constrói um filme legítimo, que pode ser apreciado por iniciados e leigos, cheio de referências sutis á outros filmes do gênero (notadamente o clima da série Indiana Jones e até Star Wars!), e ao próprio universo Marvel do cinema, que aqui faz sua transição definitiva para o grande filme do próximo ano que reúne todos os personganes que vem sendo apresentados ao longo dos últimos anos: Os Vingadores. A ciência disfarçada de magia que acompanhamos em Thor; a ascensão das indústrias Stark e o envolvimento do pai de Tony Stark com o governo americano; o desenvolvimento do soro do supersoldado que vimos em Hulk: tudo finalmente se encaixa aqui de maneira perfeita, sem sobras. Um quebra-cabeça perfeito, um planejamento dos criadores desse universo que merece aplauso pela coerência com que foi traduzido nas telas.

 Além de contar a história de origem de Steve Rogers, garoto franzino do Brooklyn que decide ser voluntário num experimento do governo e se torna o Sentinela da Liberdade enfrentando a organização dissidente de Hitler, a Hidra, o filme inteligentemente evita a armadilha do patriotismo que poderia ter afastado espectadores fora dos Estados Unidos. O que fica claro no desenvolvimento do personagem Steve Rogers é que ele é americano sim, mas em primeiro lugar, uma pessoa de boa índole que em meio ao genocídio cometido pelo Terceiro Reich na Segunda Guerra, não hesita em fazer sua parte, de qualquer maneira. Isso é uma história sobre o caráter do ser humano sob pressão, o que felizmente, independe de nacionalidade. A história se desenvolve com muita naturalidade num bom roteiro dividido em três atos, sempre destacando as características humanas de cada personagem, sem nunca ser atropelado por sequências de ação forçadas. Assim como no primeiro Homem de Ferro, esse é um filme com ar retrô que decide priorizar o desenvolvimento dos personagens. Dá certo, e o resultado é que quando a ação explode no terceiro ato do filme, realmente nos importamos com o que está acontecendo.

Quanto a fidelidade à mais de 70 anos de Capitão América nos quadrinhos, posso dizer a quem acompanha o personagem como eu que tudo foi feito de maneira perfeita. Emprestando elementos que vão desde a gênese do personagem pelas mãos do Rei Jack Kirby, passando pela fase de Mark Waid e Ron Garney que revitalizou o personagem no final dos anos 90 e adaptando muito da estética proposta por Mark Millar em sua releitura certeira do Capitão em Os Supremos, o Sentinela da Liberdade das telas é fiel aos quadrinhos, existe naturalmente como herói de celulóide e ainda consegue o feito de não soar ultrapassado nesses tempos truculentos.

  Com tantas qualidades, se pudesse apontar um único defeito no filme seria o fato de tanta história, tantos temas interessantes serem desenvolvidos rapidamente. Quando chega ao final, Capitão América nos dá aquele mesmo gosto que sentimos no primeiro filme dos X-Men: queremos mais aventura. A história tem ramificações suficientemente interessantes para exigirmos isso. Nada que as vindouras continuações e o filme dos Vingadores não possam resolver. Por agora, ficamos com mais uma genial criação Marvel que começa (se descontarmos o filme de 1944 e o pavoroso filme de 1990) sua carreira nos cinemas. Welcome Back, Cap!

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