Powered By Blogger

quinta-feira, 28 de julho de 2011

À Queima-Roupa (À Bout Portant/Point Blank, FRA, 2011, 84min.)

 Esse À Queima-Roupa chegou nas locadoras recentemente sem maior alarde, mas trata-se do novo filme de Fred Cavayé, criador de Tudo Por Ela, excelente thriller de 2008 que foi refilmado com Paul Haggis na direção e estrelado por Russell Crowe ano passado, o pouco visto 72 Horas. Cavayé faz parte da nova onda de diretores franceses formada por nomes como Pierre Morel e que vem lá do início dos nos anos 90, desde  Luc Besson e seu sensacional Nikita, até hoje rendendo frutos em Hollywood. Os realizadores franceses do gênero ação/policial perceberam que se não possuem um grande orçamento e estrelas consagradas como chamariz, compensam com um roteiro sempre eficiente, ritmo ágil, e direção enérgica, sem firulas narrativas e estéticas. No fim das contas, fazem a reciclagem do cinema de ação americano dos anos 70 que os próprios americanos só foram redescobrir à partir de 2002, com a série A Identidade Bourne, que graças ao talento de nomes como Doug Liman e principalmente o gênio Paul Greengrass, abandonou a inconsequência da ação brucutu e voltou ás raízes dos grandes thrillers americanos como Três Dias do Condor, A Conversação e Operação França.

     É um tipo de filme mais adulto, que hoje talvez não encontre tanto espaço nos Multiplexes da vida, mas se adequa perfeitamente ao mercado de home video, onde vira sucesso devido ao boca-a-boca positivo, sempre a melhor arma de divulgação para qualquer obra. Esse À Queima-Roupa definitivamente se encaixa nesse conceito: em enxutos 80 minutos conta a história de um enfermeiro cuja mulher, grávida, é sequestrada. E para resgatá-la deve seguir as instruções de um criminoso que deseja retirar seu comparsa, ferido após uma ação desastrosa, do hospital onde o protagonista trabalha. É um ponto de partida deveras batido, mas o diretor Cavayé tira água da pedra entregando inúmeras reviravoltas e sequências de ação eletrizantes, nunca tornando a trama confusa ou óbvia demais.

    Me lembrou muito os thrillers estrelados por Liam Neeson, notadamente Busca Implacável e o recente Desconhecido, filmes onde um homem comum se vê preso em uma cadeia absurda de eventos, tendo que correr contra o relógio para salvar alguém que ama. Outros filmes de ação recentes vindos da França exploram o mesmo filão, todos com um resultado nunca menos que satisfatório: Não Conte a Ninguém, o acima citado Tudo Por Ela e Anthony Zimmer-A Caçada, recentemente refilmado porcamente nos EUA com Depp e Jolie, e rebatizado O Turista.

   É interessante observar que até um passado não muito distante o monopólio desse tipo de filme era quase  exclusivo dos americanos, e agora vemos Hollywood recorrendo com frequência às refilmagens de exemplares franceses, russos e orientais. Haja visto Os Infiltrados, refilmagem do chinês Conflitos Internos que revitalizou a carreira de Scorsese. Agora ouço rumores de que Spike Lee teria assumido a refilmagem do excelente Old Boy, fita coreana de 2004 do grande Chan Wook-Park. Nada sobrevive à ganância de alguns mecenas.

  Então é isso: assista logo esse ótimo À Queima-Roupa, porque com certeza, enquanto teclo essas linhas, os executivos de algum grande estúdio lá na meca do cinema devem estar com suas canetas em riste, assinando cheques polpudos para a compra dos direitos de refilmagem. Se o dinheiro forjar um bom remake, tanto melhor. Senão, sempre haverá o original para nos consolar. Atendendo a função primordial do cinema: contar boas histórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário