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sábado, 28 de maio de 2011

X-Men (X-Men, EUA, 2000, 95 min.)

  Antecipando o X-Men: First Class que estréia sexta-feira, dia 03/06, estou revendo toda a série dos mutantes que iniciaram o boom das adaptações de quadrinhos no início da década. É meu velho ritual: gosto de colocar em perspectiva a qualidade dos roteiros, considerar e reconsiderar que alguns filmes ficam datados, e outros envelheceram muito bem. A verdade é que é uma ótima oportunidade para reencontrar a velha amiga nostalgia e relembrar como eu mesmo era em tempos anteriores.

  E esse primeiro X-Men não perdeu nem um pouco da vitalidade, da urgência que tinha quando foi lançado em agosto de 2000 no Brasil. Lembro bem da pré-estréia no saudoso Cine Veneza, lotado. Um clima de ansiedade no ar, todo mundo conversando, a música ambiente antes do filme começar, a campainha anunciando o início da sessão...e um silêncio sepulcral. Era praticamente uma missa começando. Tensão quase palpável no ar.

 A cada personagem fielmente retratado, a cada sacada do roteiro muito bem construído, a platéia explodia em satisfação, até alívio. Afinal, maltratados por adaptações do quilate de Batman e Robin, Spawn e Juiz Dredd, ninguém sabia muito bem o que esperar da transição para celulóide dos heróis mais queridos da Marvel. Claro, Bryan Singer tinha no currículo dois filmaços (Os Suspeitos e O Aprendiz), mas nada poderia preparar a platéia para o espetáculo que o jovem diretor havia criado.

 X-Men sempre foi para mim a metáfora suprema sobre ser adolescente. Aquela singela fase da vida em que ninguém te entende, tudo é conflito, todo mundo te persegue e junto com alguns amigos também excluídos forma-se uma resistência contra o mundo. O pai autoritário, a mãe exigente, o valentão que te enche o saco, a garota que não te dá bola...é um mundo angustiante e divertidíssimo. Hoje eu sei disso.

 Junto com o Rock'n'Roll e o Cinema , as Histórias em Quadrinhos foram meu primeiro canal de diversão e resistência quando eu tinha meus 11, 12 anos. E quando eu comprei a primeira revista dos X-Men, foi quase religioso. Ali estava um mundo todo à minha espera, era a Marvel Comics! Me senti parte de um grupo que acompanhava mensalmente as aventuras dos alunos do Prof. Xavier, combatentes de um inimigo muito inteligente: Magneto, outrora amigo de Xavier, agora farto das tentativas de paz entre humanos e mutantes. O elenco de personagens era formidável: Ciclope, Vampira, Fera, Tempestade, Homem de Gelo, Jean Grey, Psylocke, Jubileu, Colossus...e o maior anti-herói moderno dos quadrinhos de super-herói: Wolverine, o dublê de Lee Marvin com bom coração que resolvia tudo com sangue, suor e garras de adamantium. Conversava com amigos sobre a edição do mês, ia à sebos comprar números anteriores e com isso fui descobrindo um outro mundo de quadrinhos que eu nem fazia idéia ser tão vasto assim.

 Quando fiz 20 anos, a história era outra: estava entrando na faculdade (isso ainda é tema para outro dia...), imerso numa safra de filmes sensacionais e já tinha descoberto que o mundo era bem mais complexo que o "Us Vs.Them" do Pink Floyd. Os X-Men ainda atraíam meu interesse, mas com uma intensidade bem menor do que antes. A metáfora ainda valia, ser jovem e incompreendido, mas alguma coisa estava se perdendo. Talvez fosse birra minha, mas a música e o cinema estavam me chamando a atenção de maneira bem mais efetiva que os quadrinhos.

  E aí fica fácil adivinhar onde eu vou chegar. O filme de Bryan Singer aliou narrativa cinematográfica afiada, uma temática mais adulta e realista do que nos quadrinhos e ao mesmo tempo respeitou tudo o que funcionava nos X-Men. Ali estava minha paixão, revitalizada, acesa novamente. Nunca mais me esqueço da alegria que tive ao sair do cinema. Saí orgulhoso, com a fé renovada em um cinema pop, bem construído e que abriria a porta para uma revolução cinematográfica sem precedentes.

  Hoje à noite, quando o filme terminou, eu me senti exatamente igual àquela sessão no extinto Cine Veneza, quando eu tinha 20 anos e saí da sala pensando em um mundo de possibilidades, lugares para ir, garotas para conhecer, amigos para sair e fazer bagunça.  X-Men é um filme atemporal sobre ser jovem que ainda faz com que eu me sinta jovem.

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