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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Duro de Matar (Die Hard, Dir. John McTiernan, EUA, 1988, 114 min.)

  É engraçado dizer, mas minha memória de infância não mente: a única vez em que vi meu velho pai chorar foi ao final desta pequena obra-prima da ação chamada Duro de Matar, que John McTiernan dirigiu em 1988 sob um roteiro de Steven E.de Souza, e que transformou Bruce Willis em sinônimo de cool para toda uma geração de moleques que queriam ser ele e meninas que queriam ele. E tudo isso, meus amigos, é rock'n'roll paca.

  Se alguém lendo essa humilde resenha nunca assistiu Duro de Matar, recomendo que pare por aqui agora, compre, alugue, baixe, roube essa fita e volte aqui depois, ok? É uma experiência sensorial, um legítimo modelo de filme americano moderno de ação que gerou uma legião de imitadores...e acima de tudo, é um filme sobre um personagem que é muito durão, muito humano, e muito filho da puta, como todos nós somos: esse é um filme sobre John McClane.

  John McClane é um policial de Nova York absolutamente comum, como eu e você. Ele gosta de tomar umas biritas, é muito competente no seu trabalho, e tem uma montanha de defeitos...recentemente se divorciou de sua mulher, Holly Gennaro, que agora usa o nome de solteira, e secretamente pretende reconquistá-la. Porque McClane é um cara legal acima de tudo, e gosta de Holly. Ele apenas lamenta que os atalhos da vida tenham desviados ambos do caminho. E afinal de contas, é Natal, tempo em que todo mundo está disposto a perdoar os erros do passado e tentar vida nova. O que poderia dar errado?

  Na real, TUDO dá errado, e McClane vai à Los Angeles visitar Holly em uma festa de fim de ano no prédio onde ela trabalha, uma grande companhia....o prédio gigantesco é o Nakatomi Plaza. É uma festa cheia de chatos, louca e descontrolada como toda festa no final de ano numa empresa deve ser...mas McClane só quer Holly de volta, só quer recuperar seu passado e apagar seus erros de vez.

Eis que entra Hans Gruber, que graças ao gênio cênico de Alan Rickman se transforma em um dos vilões mais maquiavélicos, ardilosos, astutos e cruéis do cinema popular recente. Gruber e seus comparsas invadem o Nakatomi Plaza, sequestram todos os convidados da festa e exigem uma quantidade exorbitante de grana e outras exigências estapafúrdias para saírem de lá.

 Mas ei. Esses caras não contavam com John McClane.

E nas próximas duas horas o que segue é um jogo de gato e rato entre o policial sozinho de Nova York, acuado mas sempre um passo à frente dos bandidos, e o sequestrador implacável, que a cada novo plano revela mais duas reviravoltas, e assim por diante.

Parece bobo, eu sei. E olha, talvez o cinema de ação, aquele que começou com John Wayne e tá agora no Jason Statham, seja mesmo uma coisa meio boba, até infantil.

Mas Duro de Matar é o primeiro de uma linhagem, e John McClane incorporado por Willis é Bogart, é Wayne, é Roy Rogers, é Jerry Lewis, é Steve McQueen, tudo explodido no liquidificador e servido por John Mc Tiernan num coquetel absurdo de saraivadas de balas, lutas inconsequentes e as melhores frases de efeito da história dos filmes de ação.

O mais legal, o que sempre me faz voltar a esse filme é que seu herói não é indestrutível. Ele é vulnerável, muitas vezes comete erros, perde a cabeça...mas principalmente, ele age com o coração, porque a ex-mulher com quem ele quer reatar está sendo feita refém, e isso é um ótimo motivo. É toda a motivação que ele precisa. Esse filme é um anti-Stallone, Schwarzenegger, todos esses brutamontes oitentistas. Bruce Willis é a personificação do Blue Collar Guy, a definição americana de trabalhador comum, de homem do povo, de cara comum. E convenhamos, ver um cara comum pintar e bordar na cara dos malvadões é muito mais divertido.

Hoje parece fácil falar, porque é um modelo de filme que foi copiado demasiadamente, e como atesta a nova continuação que estréia sexta-feira (Duro de Matar 5 - Um Bom Dia Para Morrer), a própria franquia abraçou a auto-paródia. Mas nada tira a força desse primeiro filme, uma paulada de ação que influenciou gente como John Woo e Edgar Wright.

Se você precisa assistir um filme de ação americano autêntico, sem atravessadores, o filme a ser visto é Duro de Matar. Sem mais, o grande filme de ação dos últimos 30 anos.

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