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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Atração Perigosa (The Town, EUA, 2010, 125 min.)

   Sem brincadeira: que tristeza é ver esse segundo filmaço de Ben Affleck como diretor (aqui também como ator principal) sendo esnobado no Brasil e não ganhando o merecido reconhecimento de crítica e público. Atração Perigosa ('tradução' estapafúrdia do título original, The Town) é um filme policial na tradição de Os Infiltrados e Fogo Contra Fogo, clássicos onde a obstinação de homens dos dois lados da lei é mais intensa que tiroteios ensurdecedores pela cidade (aqui Affleck filma Boston, sua cidade natal que sempre é retratada com muita sensibilidade pelo diretor/ator desde sua parceria com Matt Damon em Gênio Indomável).

   Conta a história de Doug McRay (Affleck), ladrão de bancos que junto á sua gangue promove um verdadeiro arrastão pelos bancos de Boston. Desde muito jovem fazendo parte de um microcosmo criminal que envolve família e amigos de infância (como o contratante vivido pelo falecido Pete Postlethwaite e o parceiro no crime sanguinário e instável interpretado pelo ótimo Jeremy Renner), McRay foi escolhido pelo crime desde seus antepassados. Uma geração inteira de criminosos que não possuem outra escolha a não ser o assalto. Essa idéia familiar de contravenção é tão bem desenvolvida por Affleck quanto as cenas de ação, que explodem na hora certa: magistrais e cruas, lembrando Siegel, Mann, Friedkin.

  Mas o estopim da virada para o jovem ladrão é a paixão por uma de suas vítimas, Claire (Rebecca Hall, belíssima atriz de Vicky Cristina Barcelona). Testemunha e traumatizada por um roubo no qual McRay e seus comparsas foram responsáveis, primeiro cabe ao ladrão monitorá-la e eventualmente matar a garota, caso ela revele saber demais sobre o ocorrido. Mas seguindo a grande tradição do filme policial americano, McRay se afeiçoa por Claire, o que muda todas as relações com a família criminosa, e o coloca em uma posição vulnerável para si mesmo e toda sua gangue. Com o FBI em seu encalço, simbolizado pelo obcecado agente Frawley (Jon Hamm), McRay precisa realizar seu último trabalho para fugir com Claire, abandonar a carreira criminosa e fugir de Boston para não voltar mais.

  É um argumento batido, mas que nas mãos de Affleck parece revitalizado. Uma retomada do policial americano sério, no estilão anos 70, sem fazer concessões. O realizador devolve o cinema de ação ao berço das grandes tragédias familiares, retirando-o da vala comum dos duros-de-matar que infestam os multiplexes. Aqui é cinema adulto, comercial e ao mesmo tempo honesto, que reconhece a capacidade do público em apreciar uma boa trama sem pressa. Em 2007 o jovem diretor fez o sensacional Medo da Verdade, suspense baseado na obra de Dennis Lehane que nem chegou aos cinemas do Brasil. Agora encontrou a mesma sorte com seu The Town. Resta que o público das locadoras descubra esse grande filme, subestimado. Um dos melhores de 2010.

2 comentários:

  1. Mais uma vez vejo você defendendo uma porcaria americana com um texto pretencioso..hahahaa..
    saudações...

    Brincadeiras a parte, não sei porque ninguém dá crédito para o Ben Afleck como diretor. Ele já provou seu talento no "Medo da Verdade" ("Gone baby Gone). O filme é muito bom. Principalmente por parecer ter dois gêneros: investigação policial até a metade do filme se transformando depois em um drama sobre questionamentos de razões éticas. Apesar do título traduzido ser muito diferente do original, acho que foi muito bem adaptado (alguns podem achar que ele revela de alguma forma o final). Talvez a crítica em geral fique receosa de dar crédito a um ator que já foi considerado medíocre (devido a alguns trabalhos verdadeiramente comprometedores). Para os intelectuais de plantão (que ninguém cansa de bater) artista bom é quem tem nomes impronunciáveis. Fica bonito só de mostrar que se sabe falar o nome do sujeito. Bom, fico por aqui.

    Parabéns pelo site. bom para se ter uma boa referência apesar dos comentários falaciosos..hahaha..
    inté

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  2. Artista bom para "eles" é o Lars Von Trier, Rodrigo....rsrsrsrsrs

    Americano é paranóia do TioSam, rsrsrsr.

    abraço!

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