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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Professora sem Classe (Bad Teacher, EUA, 2011, 85 min.)

   Comédia é, em essência, uma coisa complicada. O que nos dias atuais é vendido como comédia em prateleiras de locadora e multiplexes raramente pode ser classificado como bom cinema. Ou melhor, o que faz uma comédia genuinamente engraçada? Na opinião desse humilde escriba, três fatores essenciais que não podem falhar: o elenco tem de ser carismático, possuir o tão falado timing de comédia, a química. O roteiro tem de ser muito bem escrito, sempre deixando espaço para o improviso no set e subvertendo fórmulas, surpreendendo. E a direção, capitaneando esses talentos, escolhendo os melhores takes, as melhores gags, excluindo outras que podem atrapalhar o ritmo da cena, tudo isso já no estágio final, na mesa de edição.

  O ponto é: como que um filme roteirizado pelos escribas de The Office, dirigido por Jake Kasdan e protagonizado por Cameron Diaz pode dar tão errado como esse Professora sem Classe?
Tudo no lugar para um hit do quilate de Escola do Rock ou Quem Vai Ficar Com Mary, e no entanto o que temos aqui são quase duas horas de situações batidas, sem risadas, sem inspiração. Dirigido, escrito e editado por verdadeiros burocratas do ofício.

 Cameron Diaz interpreta ela mesma: a gostosa que tem certeza que é gostosa, mas aqui com um pequeno 'twist'. Ela é desbocada, depravada e sem qualquer traço de ética. Professora do primário, sua vida se divide entre dar uns tragos de maconha e bolar planos mirabolantes para conseguir dinheiro. Grana que pagará seus implantes de silicone. Sua meta de vida.  O passaporte para torná-la uma mulher socialmente aceitável e também ajudá-la a conquistar um trouxa que lhe dê mais dinheiro. Para quê, nunca fica claro.

  É uma personagem ingrata, e Cameron despacha a coisa toda sem paixão. Suas relações com a professora rival gostosa, o professor certinho que é seu sonho de consumo e o desleixado que logo de cara saca o tipo de pessoa que ela é nunca engrenam. E aí é difícil dizer de quem é a culpa. Como disse no início, esse tipo de filme é um esforço conjunto, e aqui parece que todo mundo só apareceu mesmo para pegar um cheque.

  De qualquer forma é triste ver gente talentosa exigindo tão pouco de si mesmo. Todo mundo envolvido aqui já esteve melhor em filmes melhores, mas não é isso que mais me assustou ao final desse filme. O que me espanta é a idéia de que esse é o tipo de fita que entope a programação de cinemas de shopping, locadoras e tv à cabo e não raro, se tornam sucessos, graças à condescendência de um público médio que não sabe direito o que quer e fica à mercê desse tipo de enlatado, feito exclusivamente para ser consumido e esquecido na primeira mordida de pizza após a sessão. Tudo bem, se divertir é legal, mas será que é diversão mesmo ou é só perda de tempo?

Assim como sua personagem no filme faz de tudo para conseguir dinheiro visando implantes de silicone, fica aqui a dica, Cameron Diaz: use o salário desse filme e contrate um novo agente, um que goste realmente de você!  

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