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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go, EUA/UK, 2010, 103 min.)

Não Me Abandone Jamais discute a consciência da mortalidade. O momento da vida em que nos damos conta de que um relacionamento irá acabar, uma pessoa amada irá fatalmente nos deixar e nós mesmos iremos partir. O filme é uma adaptação da obra publicada em 2005 pelo escritor japonês radicado na Inglaterra, Kazuo Ishiguro, e conta a história de três jovens que vivem desde o nascimento confinados num internato situado no interior da Ingleterra. Tommy (Andrew Garfield), Kathy (Carey Mulligan) e Ruth (Keira Knightley) formam um triângulo amoroso incomum, destruido por uma revelação sensacional que muda todo o rumo da história e curiosamente filia a obra ao gênero ficção científica. Não contarei aqui porque metade do choque é a revelação do porquê esses jovens desde cedo convivem tão isolados num ambiente cheio de regras.

 Dirigido de maneira não-emocional, mas poética por Mark Romanek, realizador de Retratos de Uma Obsessão, o filme é um profundo questionamento sobre o quão donos de nosso destino realmente somos. É também a história do amadurecimento de um grupo de amigos e os diferentes rumos emocionais que cada um deles tomam diante um futuro nada promissor. A fotografia de Adam Kimmel acertadamente é toda construída em cima de tons frios, sóbrios, ressaltando o distanciamento emocional do ambiente que cerca os personagens. A trilha sonora de Rachel Portman também é muito discreta, explodindo aqui e ali em momentos de catarse emocional, nunca soando exagerada ou artificial.

  Verdade seja dita, achei um dos filmes mais originais dos últimos tempos. Assisti em cinema no final do ano passado e não gostei, não capturei a idéia principal do filme. Agora revejo em dvd e foi uma espécie de epifania: uma obra imperfeita, mas tão cheia de vida no aspecto técnico, nas atuações corretas e  questionamentos pertinentes que fico me perguntando como não fui arrebatado de primeira por um filme tão melancólico e de extrema beleza como esse. Fica a dica: na dúvida, sempre reveja um filme se você não tem certeza exata daquilo que pensou. A recompensa é muito gratificante. Ótimo filme.

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