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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lanterna Verde (Green Lantern, EUA, 2011, 114 min.)

   Lanterna Verde, nas histórias em quadrinhos da DC comics, ganhou muita popularidade nos últimos anos graças às sagas escritas por Geoff Johns e desenhadas por artistas como o brasileiro Ivan Reis e Ethan Van Sciver. Nunca foi uma unanimidade, mas tem um séquito fiel de seguidores e eventualmente, é um super-herói que faz parte da Liga da Justiça numa escala de poder logo atrás de Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Junte isso ao fato de que graças à rentabilidade dos superhero movies os estúdios estão rindo à toa, e eis aí a oportunidade perfeita para mais um herói ganhar as telas com um tratamento digno, certo?

   Lamento, mas...errado. É triste dizer isso, mas Lanterna Verde é um filme em que todos os elementos estão lá, mas inexplicávelmente nunca decola, e termina deixando um gosto amargo de que não realizou seu potencial.

  Muita gente reclama que o filme conta mais uma história de origem, mas acho isso bobagem. Afinal, como primeiro filme de uma suposta série, o correto mesmo é estabelecer as fundações para que o público possa ficar confortável com o mundo do personagem nas vindouras continuações. A história de Hal Jordan, que segue os passos do falecido pai como piloto de testes e é escolhido pelos Guardiões do Universo como protetor do 'quadrante' que inclui o Planeta Terra, e ganha o anel que lhe dá poderes apenas limitados pela sua vontade ou medo está toda traduzida em celulóide, como deveria ser.

  Mas mesmo com o treino empolgante do novo Lanterna e um vilão interessante, Parallax (vivido na sua forma humana com gosto pelo esquisitíssimo Peter Saarsgard, de Educação), o filme nunca engrena. É claro que a escalação do péssimo Ryan Reynolds para viver o herói foi equivocada, mas é apenas um entre outros muito piores. A mocinha, Carol Ferris, vivida pela maravilhosa Blake Lively (The Town e Gossip Girl), também cumpre um destino estabelecido: o de acompanhante do herói, repetindo falas insossas e funcionando como muleta do roteiro para explicar ou delinear as intenções do herói.

 A verdade é que o grande culpado pelo filme ter saído tão desinteressante é o diretor Martin Campbell, profissional tarimbado, diretor de fôlego que sabe conduzir o aspecto técnico das filmagens, mas não sabe contornar um roteiro ruim. A qualidade do seu filme depende exclusivamente do texto bem-acabado que tiver em mãos. Quando pega um escriba bom, como Haggis em Cassino Royale ou Ted Elliott e Terry Rossio em A Máscara do Zorro, tudo vai que é uma beleza. Agora, se o roteiro for ruim, sai debaixo. O homem tem mão pesada, e o que é pior, aceitou fazer esse filme pura e simplesmente como um emprego, pela grana. Isso fica claro em cada frame de filme. É claro que dinheiro é bom e todo mundo gosta, mas é inadmissível em pleno 2011 um filme desse quilate ser entregue a um operário da indústria, sem a menor afinidade com o personagem, apenas batendo o cartão e dirigindo um filme medíocre com bons efeitos especiais e só.

 Na próxima vez (se houver próxima vez, claro), fica a dica: contratem pessoas que se importem de fato com a história e os personagens, de preferências fãs da HQ original. Ou pelo menos um diretor mais autoral, com intimidade com o material. Já ouviram falar em Edgar Wright? Guillermo Del Toro? Christopher Nolan? Bryan Singer? Matthew Vaughn? Pois é, todos os mencionados são de uma nova geração de diretores em completa sintonia com uma nova audiência, que exige desse tipo de filme mais do que a matinê de sábado protocolar de antigamente. Do jeito que está, Lanterna Verde é o melhor filme de super-herói...dos anos 90. E quem viu as produções da época sabe que isso não é, de modo algum, um elogio.

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