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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Planet Dos Macacos - A Origem ( The Rise of The Planet of The Apes, EUA, 2011, 105 min.)

  Como disse a imortal Beatrix Kiddo num filme antes, 'First things first': lamentável o fato dos estúdios em Hollywood não confiarem mais na memória, no discernimento, na inteligência das pessoas. O fato é que certos filmes não precisam de reinício, de reboot, de reimaginação, nada disso: eles são imortais, mantém sua marca indelével na cultura pop e tem milhões de fãs, gente fiel que faz do culto, o ato supremo da cultura pop, seu regozijo ante a tanta porcaria que vem e vai nas temporadas cinematográficas.

  Pois bem. Eis que esse 'Origem' do Planeta dos Macacos não tem nada de origem. Explico. Assim como aconteceu com Batman, James Bond, X-Men e outros, isso aqui é uma borracha total nos acontecimentos de todos os filmes anteriores da série e uma tentativa de reintroduzir o conceito para uma nova platéia, etc, etc.

  Isso é, francamente, blábláblá de executivo de estúdio. Mas enfim. Se esse eterno recomeço já gerou filhos indesejados como o ótimo, mas mal-recebido Superman de Bryan Singer, outros, como Cassino Royale e Batman Begins, são revisões das mais bem-vindas ao cânone dos personagens, adições substanciais que funcionam como versões paralelas ao universo 'oficial' dessas séries.

  E isso é Planeta dos Macacos - A Origem: um filme sensacional, que usa o nosso conhecimento prévio das regras da franquia para jogar essas mesmas numa nova perspectiva, inusitada e muito pertinente aos tempos selvagens que vivemos. O diretor Rupert Wyatt faz um ótimo trabalho ao costurar as discussões tão caras ao universo da série -humanidade, evolução, determinismo- junto com uma surpreendente mescla de estilos que adicionam uma vitalidade insuspeita à obra. Dentro do molde básico de um filme 'Planeta dos Macacos', Wyatt faz um filme de prisão, um drama muito bem ancorado pela atuação do grande John Lithgow e um terceiro ato eletrizante, que confirma o realizador como um diretor de ação de primeira linha.

A história funciona: acompanhamos a ascensão de Caesar, símio usado em experiências para a cura do Mal de Alzheimer pelo cientista Will Rodham (James Franco, cada vez mais sonolento). É claro que tudo leva à um acirramento de ânimos entre macacos e humanos, e eu não vou revelar mais nada aqui sob pena de ser um disseminador de spoilers, coisa que abomino. Destaque para a linda de morrer Freida Pinto como a veterinária ajudante do cientista.

  Ao fim da projeção, o saldo é positivo. Ao mesmo tempo em que fica um dissabor pela total erradicação da história contada nos filmes anteriores e até na refilmagem anterior de Tim Burton, é animador um cineasta com idéias tão boas ter carta branca para executar sua visão num filme comercial. Assim como em X-Men- First Class, a Fox demonstra grande boa-vontade em revisitar, mesmo que desnecessariamente, conceitos ótimos por autores muito competentes. Então fica assim: mesmo sabendo que se trata de uma manobra mercadológica, é honesto, é um ótimo filme e, se der dinheiro, que venham as continuações. Que contradição.

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