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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fitzcarraldo (Fitzcarraldo, ALE/PE, 1981, 157 min.)

Fitzcarraldo é uma ode à megalomania. Um monumento ao transe hipnótico que toma a alma humana quando esta percebe-se diante da beleza natural inebriante, aquela que os olhos vêem mas que o intelecto ainda custa processar. O Rei da Borracha, Brian S. Fitzgerald (Klaus Kinski, confundindo-se com o personagem e elevando a insanidade do filme à patamares inalcançáveis), chamado de Fitzcarraldo pelos índios, é maníaco por Enrico Caruso e quer construir uma ópera em Iquitos, em plena selva, mesmo que para isso tenha que passar um navio por cima de uma montanha, à custa de vidas humanas e muito sofrimento.

 Dirigido por Werner Herzog, Fitzcarraldo tem os traços inconfundíveis do diretor germânico: culto ao heroísmo individual, clima hipnótico e um protagonista excêntrico, disposto a enfrentar as intempéries da natureza para conquistar um objetivo por vezes absurdo, mas ao mesmo tempo demasiadamente humano. O colonizador que chega com a idéia fixa de transformar o ambiente a qualquer custo mas não faz idéia do preço que vai pagar por isto é tambem a história da realização do filme. Tudo o que se vê na tela é fruto do gênio insano de Herzog, que não mediu esforços para a realização do caos absoluto: a sequência em que o navio de Fitzcarraldo é transportado montanha acima por índios nativos. Consta que Kinski e Herzog quase saíram no braço, e a filmagem teve de ser refeita várias vezes.

  É o documento de gente fazendo arte sem medir consequências e resulta num filme que sempre vai ser assombroso, seja pela sua beleza autêntica ou pelo seu retrato cru do que a obsessão é capaz de fazer quando toma conta. Herzog viria a explorar o tema em incontáveis filmes depois, mas poucos com a eficiência de Fitzcarraldo.

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