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domingo, 5 de junho de 2011

Hanna (Hanna, EUA, 2011, 100 min.)

   Hanna é um filme que evita o rótulo. Se pretende uma fita de ação/espionagem, mas em nome do desenvolvimento dos personagens, abraça uma história de ritos de passagem sobre Hanna(Saoirse Ronan), uma garota que desde recém-nascida, foi levada por seu pai, Erik (Eric Bana), um ex-agente fugitivo da CIA com o passado obscuro, para as florestas geladas da Finlândia sem nenhum contato com a civilização. Lá ele treina a jovem, praticamente a transformando numa ninja, imbatível no combate corpo-a-corpo e com um conhecimento intelectual superior as jovens de sua idade. Hanna é, e o filme sabiamente desenvolve isso nas sequências iniciais, uma máquina de matar preparada pelo pai, esperando o dia em que entrará em ação.

 E Hanna vai entrar em ação contra a agente da CIA Marissa (Cate Blanchett), que tem uma dívida de sangue com Erik e sabe do perigo que Hanna representa contra ela e numa conspiração maior que vai sendo revelada, junto com o passado de todos os personagens, no decorrer do filme.

 O diretor Joe Wright, egresso de dois filmes de época com estilo completamente diferente ( Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), é a grande surpresa do projeto. É ele quem salva Hanna da vala comum dos filmes de ação pretensiosos pós-Bourne e faz do filme um banquete visual estupendo. Junto com o diretor de fotografia Alwin H. Kuchler, Wright nos brinda com um plano-sequência de quase cinco minutos em que Erik chega a Berlin e enfrenta os agentes de Marissa no metrô em um embate físico realista, violento e espetacular.Isso sem falar nas composições de extremo bom gosto, externando o psicológico dos personagens e sempre criando cenas de ação muito acima da média.

  Mas o filme entra num beco sem saída por culpa do roteiro esquemático, previsível. Hanna de fato contém dois filmes lutando entre si: um thriller de ação sem nada de novo e outro, esse sim muito mais interessante, sobre uma jovem garota no desabrochar da adolescência conhecendo um mundo que desde o berço lhe foi negado. Essas duas linhas narrativas são levadas com elegância pelo diretor Wright, mas é inegável que o ritmo do filme é muito prejudicado por essa variação de tons do filme. Resulta num híbrido esquisito, incomum, mas imensamente interessante. É um filme que emociona mais pelas interações entre os personagens do que pela ação em si, esparsa e genialmente orquestrada.

 Acho que o destino de Hanna é tornar-se um filme cult, daqueles que o grande público vai ignorar, mas com o tempo conquista um pequeno culto através do home vídeo e do boca-a-boca popular. Eu consigo ver o embrião de algo novo aqui, mas acho que ainda não foi dessa vez. Do jeito que está, é um filme regular. Com momentos de genialidade, mas que nunca engrena como deveria.

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